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USB Tipo C pode se tornar obrigatória na Europa e influenciar o Brasil – entenda 

USB Tipo C pode se tornar obrigatória na Europa e influenciar o Brasil

Você sabia que o USB Tipo C poderá se tornar obrigatório na Europa e influenciar o Brasil? Leia com atenção para compreender melhor!

Embora as gerações mais novas talvez não tenham tanta memória dessa época distante, houve um tempo em cada cada novo dispositivo eletrônico necessitava de seu próprio cabo para funcionar: os conectores possuiam formatos e tamanhos diferentes, o que significava que seu Walkman não poderia ser carregado pelo carregador do celular da Motorola de seu amigo, e caso perdesse o único cabo que vinha na caixa, seria preciso passar semanas procurando algum kit universal que por sorte incluísse o conector necessário em alguma loja de bairro.

    Com o avanço da indústria digital e, principalmente, dos dispositivos móveis, entramos rapidamente em uma tendência para consolidar tudo isso em cabos e conectores únicos usando padrões universais, acabando com a impraticidade de precisar de cabos específicos para cada aparelho. Em 2022, ainda não estamos completamente livres do problema – mas uma decisão recente da União Européia pode finalmente acabar de vez com esse transtorno, e o conector USB tipo C parece ter sido o padrão consagrado como ideal para nossos eletrônicos. Confira. 

As vantagens de padrões universais

    Um padrão universal adotado por todos os eletrônicos de uma mesma categoria não é uma ideia particularmente recente: conectores como o 8P8C (conhecido como RJ45) para cabos de rede são utilizados há décadas, e o conector para fones de ouvido é padronizado para qualquer dispositivo de áudio. A própria entrada USB carrega o nome “Universal” em sua sigla, e substituiu com um único conector diversas portas do tipo serial que eram utilizadas em computadores antigos. 

    As vantagens são inúmeras: os usuários não precisam se preocupar com cabos específicos para aparelhos específicos, e em caso de perda ou desgaste natural, comprar um substituto é fácil e simples. Além disso, um único padrão capaz de funcionar em diversos aparelhos é ótimo para montar uma gaveta de cabos reserva ou um kit de sobrevivência digital como o da ExpressVPN, e compartilhar cabos em salas de aula, escritórios, hotéis e aeroportos se torna fácil e direto. 

    Mas os benefícios globais podem ir além do que é óbvio para o público, por exemplo, os dados coletados pela União Europeia sugerem que a adoção de um cabo universal para carregadores tem um alto potencial para reduzir o lixo eletrônico, já que evita a necessidade de linhas de produção distintas, mudança de cabos e acessórios quando um consumidor troca de aparelhos de uma marca para outra, ou até mesmo aparelhos obsoletos por usarem conectores que não estão mais disponíveis no mercado.

USB tipo C: um conector para todos dominar

    Se as vantagens de um padrão único são imediatas tanto para consumidores quanto para a economia e prevenção do lixo eletrônico, por que aparelhos como a linha de iPhones da Apple ainda usam conectores proprietários? A resposta, de forma simples, é que é possível ganhar muito dinheiro vendendo licenças e componentes próprios. Ainda usando o iPhone como exemplo, o conector Lightning utilizado para carregamento é licenciado para a Apple e empresas que desejem criar cabos compatíveis precisam pagar por uma licença anual e comprar um chip de controle específico, gerando lucros para a Apple. Além disso, em atualizações do iOS, carregadores e cabos de terceiros não autorizados são bloqueados pelo software – mesmo que eletricamente estejam em perfeitas condições.

    Além do valor econômico para a empresa responsável, outro fator que impedia a adoção universal de um padrão era a falta de um conector capaz de suprir demandas diferentes. O antecessor ao USB tipo C, o microUSB tipo B, por exemplo, era frágil e não podia ser plugado em ambos os sentidos, além de possuir velocidade e aplicações limitadas – nesse ponto, conectores proprietários como o Thunderbolt e Lightning eram significativamente superiores. Enquanto para transmissão de vídeo, utilizamos cabos HDMI ou DisplayPort, e para redes, Ethernet. Com a chegada da USB tipo C, isso tudo é resolvido de uma só vez – o conector é robusto, pequeno, amplamente disponível, e capaz de enviar sinais de USB, vídeo, carregamento com alta potência e segurança, e até mesmo possibilidades avançadas como conexão de placas de vídeo e HDs em computadores.

    Não é à toa que diversos aparelhos já estão no mercado apenas utilizando a porta USB tipo C para todas as suas funções: os novos MacBooks, por exemplo, conectam-se a energia, mouse e teclado, leitor de cartão e até rede de internet usando a mesma porta USB tipo C. 

Adoção obrigatória até 2024

    A insistência de algumas empresas em padrões inacessíveis, a grande versatilidade do conector tipo C, e a necessidade urgente de diminuir o lixo eletrônico se alinharam para que, em 2022, países membros da União Européia tenham aprovado um novo conjunto de legislações que obrigam o uso do conector USB tipo C em todos os aparelhos eletrônicos portáteis vendidos aos consumidores. Isso significa que fones de ouvido sem fio, smartphones, videogames portáteis, controles, teclados, entre tantos outros dispositivos passarão a carregar suas baterias utilizando o mesmo cabo e carregador. A regra não se aplica ao carregamento sem fio, que por sorte costuma utilizar o padrão Qi de forma universal, e o texto das leis permite que, no futuro, o conector escolhido seja alterado conforme as necessidades tecnológicas das próximas décadas.

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    Essa mudança legislativa não afetará somente a Europa – produzir um mesmo eletrônico com conectores e ecossistemas de acessórios distintos não seria viável para as fabricantes e, portanto, aparelhos no Brasil e na América do Norte também acompanharão a nova regra. Vazamentos das linhas de montagem já sugerem que novos dispositivos como o iPhone 14 chegarão com o conector tipo C, acabando de vez com a dependência em cabos proprietários. Essa excelente mudança melhora a vida dos consumidores, e diminuirá o impacto ambiental de nossos eletrônicos – agora resta esperar até que todas as empresas adotem a nova medida, desfrutando de um novo padrão universal mais prático, barato e fácil.