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Quem foi Padre Cícero, santo popular cearense?

Antes de comprar a sua passagem para o Ceará, veja mais sobre a história de uma das figuras históricas mais famosas desse estado, o Padre Cícero.

Viajar é uma oportunidade única de conhecer não só novos lugares, mas também novas pessoas, visões de mundo, comidas, manifestações culturais, formas de organização social e de viver.

Ao visitar um lugar, é possível conhecer algumas figuras públicas importantes. No Ceará, existem diversas delas, desde o escritor José de Alencar até o cantor Fagner.

O Padre Cícero é outra figura marcante para a cultura cearense, motivando milhares de turistas a cada ano para a sua terra natal.

Por isso, antes de comprar as suas passagens para o Ceará na Guanabara, saiba mais sobre a história dele e a sua importância para a história desse estado!

Origem do padre Cicero

Padre Cícero nasceu em 1844 na cidade de Crato, no interior do Ceará, ele foi um líder católico brasileiro.

Quem foi Padre Cícero

Com 26 anos, ele foi ordenado padre na cidade de Fortaleza e viveu entre o universo mágico do misticismo sertanejo (em que lobisomens e mulas-sem-cabeça convivem com a devoção aos santos católicos).

As previsões  apocalípticas dos profetas populares, que defendiam que o fim dos tempos ocorreria em breve e a fé ritualizada cristã, marcada por uma forte disciplina clerical.

Em 1889, Cícero era um padre simples que vivia em uma aldeia, rezava missa em uma pequena capela de Juazeiro (que era um povoado à época), localizado a 600 quilômetros da capital cearense.

Cícero vivia uma vida comum até que vivenciou um acontecimento que chamou a atenção dos jornais e da comunidade da época. Certa vez, ele ministrava a comunhão de uma beata (a doceira Maria de Araújo), cuja hóstia consagrada teria se transformado em sangue.

Na época, Padre Cícero escreveu uma carta ao então bispo do Ceará relatando a situação e dizendo ter visto esse fenômeno “muitas vezes”.

Esse acontecimento chamou a atenção dos jornais, que o noticiaram. A reação das pessoas da cidade foi reconhecer e proclamar esse milagre. Contudo, a Igreja Católica não aceitou isso e acusou padre Cícero e Maria de Araújo de cometerem fraude.

Conflitos

Esse episódio da hóstia que teria sido transformada em sangue fez com que Cícero se tornasse uma figura famosa entre milhares de peregrinos, que nunca mais pararam de ir até Juazeiro para testemunhar este milagre.

Porém, essa adoração a Cícero desagradou às lideranças e autoridade eclesiásticas católicas da época, que baniram Cícero do clero ao perceber que ele havia se tornado famoso.

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Expulso da igreja

Ao ser banido da Igreja Católica, Cícero passou a ser considerado um mártir para as pessoas e passou a ter uma grande notoriedade e um imenso poder junto ao povo, especialmente aos sertanejos, cujos direitos básicos foram negligenciados pelos governantes.

Essa população passou a se identificar cada vez mais com Cícero, que sabia como era a realidade dos sertanejos, conhecia seus problemas e conversava com eles, ouvindo suas queixas e lhes dando conselhos.

Por ter sido expulso da Igreja Católica, Cícero não pôde mais celebrar batismos. Porém, ele passou a aceitar ser padrinho de várias crianças que nasceram após a sua expulsão.

Veja nosso artigo sobre o papel da madrinha de consagração na igreja católica.

Essa é a origem do seu apelido “padrinho padre Cícero” ou, na linguagem popular, “Padim Pade Ciço”.

Uma das ideias que Cícero defendia era que houvesse um oratório em cada casa e uma oficina em cada quintal.

Isso começou a atrair pessoas de todo o Nordeste — artesãos, agricultores e trabalhadores — que passaram a se fixar em Juazeiro e, ao passar dos anos, transformaram o povoado em um importante centro manufatureiro.

A importância econômica de Juazeiro a fez se tornar uma cidade autônoma em 1911 e teve Cícero nomeado como o seu primeiro prefeito.

Assim, mesmo após ter sido expulso da Igreja Católico, Cícero continuou sendo um importante líder religioso e, com o crescimento econômico de Juazeiro, também se transformou em um importante chefe político.

Considerado contraditório, ele seguiu pregando para os mais pobres ao mesmo tempo em que estabeleceu alianças com as elites locais mais poderosas.

O padre Cicero morreu em 1934 em Juazeiro e foi beatificado pela Igreja Católica no começo dos anos 2000.